(ANÁLISE) DOC - POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
- Wenberger Figueiredo
- Dec 7, 2022
- 4 min read
Updated: Apr 22, 2024
RESUMO
Com bom humor pela forma de comunicação visual tendendo ao absurdo e filtro que dá a impressão de envelhecido, o documentário expõe vários momentos que impactaram a política relacionada a saúde no Brasil, desde o fim do século XIX e início do século XX até a implantação do SUS e seus avanços recentes. Iniciando com a visão das classes burguesas que se afetavam com a recorrência de epidemias, pondo em voga a política sanitária, passando pela política de imunização (revolta da vacina) e percorrendo até a mudança de protagonismo que passou de decisões apenas de políticos para a participação popular.
DESCRITORES: Public Health, History, History of Medicine; Health Conferences; Brasil; Epidemics; Health Policy; Public Policy.
1. A obra
O documentário "POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: UM SÉCULO DE LUTA PELO DIREITO À SAÚDE" estreou em 2006, conta a história das políticas de saúde em nosso país, mostrando como ela se articulou com a história política brasileira, destacando os mecanismos criados para sua implementação até a implantação do SUS.
1.1. A narrativa
Mostra a mudança do protagonismo na implementação das políticas de saúde que antes era articulada pelo Estado de forma autoritária e tornou-se um mecanismo de participação popular.
A partir da Constituição de 1988 foi a mudança total de paradigma, definindo a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado.
A trajetória é contada de forma ficcional, com reconstruções de épocas, atuações exageradas semelhantes às de teatros e variadas formas de comunicação que se adequaram ao período contado, como o uso de jornais, rádios, televisores.
1.3. Função extra-entretenimento
O filme foi realizado por iniciativa da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, do Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS e a Universidade Federal Fluminense/UFF.
A obra tem caráter formativo e disponibilizada para a população, instituições de ensino e movimentos sociais ligados à saúde. Também tem versões em diferentes línguas como espanhol e inglês para divulgar e incentivar a implementação de sistemas de saúde semelhantes em outras regiões do mundo.
1.4. A estrutura
O documentário tem 1 hora de duração, composto por 5 capítulos, iniciando pelo século 1900 por se tratar do período onde coexistiram diferentes epidemias na cidade do Rio de Janeiro e outras regiões do Brasil. Além de fazer registro das Eras políticas que impactam diretamente a forma de fazer saúde no Brasil.
Em 1900 a 1930 - democratização - tivemos os períodos de democratização marcados pelo domínio da burguesia e dos militares agindo de maneira autoritária e forçando tratamentos sanitários na população;
1930 a 1945 - Era Vargas - inicio da organização dos ministérios e preocupação com os trabalhadores e sua saúde;
1945 a 1964 - Governos populistas - implementação de políticas de valorização do trabalhador buscando avanço da industrialização brasileira e sedimentação de fundos\instituições sociais;
1964 a 1988 - governos militares - período de graves cortes nos programas de saúde para a população geral;
e 1988 a 2006 - redemocratização - a implementação do sistema único de saúde e seu desenvolvimento, tomando a participação popular e firmando seus mecanismos organizacionais e doutrinários.
2. OPINIÃO
É interessante como o diretor decide montar o documentário deixando uma aparência humorística e lúdica, possibilitando ser revisto inúmeras vezes apesar do caráter informativo e contexto dramático. Apesar de resumir a história para a criação do SUS, o documentário peca ao demonstrar-se superficial e até relativizando momentos tensos da história da saúde brasileira que têm efeitos até os dias atuais, como as políticas de tratamento de esgoto e vacinação.
Ademais, é incrível notar as semelhanças entre discursos vistos no documentário de 2006 sobre liberdade e vacinação e a época da pandemia do novo coronavírus em 2020.
Também é importante ver as mudanças dos paradigmas da saúde e as formas de acesso se compararmos aos dias atuais visto o início com tratamentos de benzedeiras e atualmente termos a utilização de objetos místicos derivados das grandes igrejas.
As mudanças de ferramentas de comunicação (jornais, rádios, televisores, etc) demonstra uma longa jornada e desenvolvimento tecnológico, apesar disso, sinto que pouco mudou em relação aos grandes problemas de saúde e me trouxe a indagação do que é necessário para realmente alterar a realidade no sistema de saúde brasileiro.
Por fim, foi um longo caminho até a implantação do sistema único de saúde como o que conhecemos, desde as pequenas mudanças e reconhecimentos da participação popular, até o povo começar a protagonizar verdadeiramente a gerência e organização do sistema.
3. O AUTOR
Renato Tapajós (escritor e cineasta) - Belém, PA, Brasil, 1943
JUVENTUDE
Aos dezenove anos mudou-se para São Paulo com a intenção de cursar Engenharia na universidade de São Paulo, mas acabou cursando ciências Sociais na mesma instituição. Ainda na faculdade dirigiu os documentários Em Crise, de 1966. One Percent, 1967; e aldeia da Bateira, de 1968 – vencedor do prêmio de Melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Lípsia, Alemanha – todos altamente políticos e competitivos em conteúdo.
DA LUTA REAL PARA AS TELONAS
No mesmo ano ele entrou em lutas sociais e se envolvendo em conflitos, dessa forma, foi preso e passou cinco anos na prisão onde foi torturado. Dessas experiências resultou o romance Em Câmara Lenta, publicado em 1977, pelo qual foi novamente preso por um mês por incitação ao golpe e posteriormente liberado.
OBRAS NOTÁVEIS
Em 1982, realiza o documentário Linha de Montagem, sobre o então efervescente movimento sindicalista no ABC paulista. Em 2006 lançou o documentário POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
REFERÊNCIAS
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